sábado, 30 de agosto de 2014

Ecologia, tecnologia e responsabilidade universal.



Quando eu nasci, meus pais se mudaram para um apartamento novo, isso foi em 1981. Entre outros utensílios domésticos, compraram uma maquina de lavar. Maquina que minha mãe passou para o porteiro que trabalhava no meu prédio, ainda em funcionamento, vinte e sete anos depois, quando nos mudamos.

Hoje existem especialistas com uma ampla e muito cara formação, e grande “competência” se é que podemos chamar assim, a partir de uma análise ética de suas atividades. Pois esses profissionais desenvolvem estudos e projetam equipamentos, como maquinas de lavar, para durarem o mínimo possível sem perderem a credibilidade do público, hoje projeta-se para cinco anos a vida útil de um equipamento como este, e essa delimitação depende de cálculos precisos, entendimento profundo da natureza dos materiais, além de aspectos psicológicos, referentes ao comportamento do homem em relação ao ato de consumir. É um exemplo de desperdício, estes estudos tem uma característica multidisciplinar, gastam uma grande gama de recursos e inteligências, para atuarem dentro de uma indiferença em relação as conseqüências do abuso no uso dos recursos naturais.

Com a breve história inicial, referente a maquina de lavar de minha família, quis mostrar o tanto que a cultura moderna, na qual estou inserido, está distante da de um indígena, por exemplo. A tecnologia fez parte de minha vida desde o nascimento, assim como de grande parte das pessoas da minha geração. Isto não impediu que desenvolvêssemos grande amor e admiração pela natureza. Na minha infância também tive a chance de nadar nos rios, ver animais em meio a natureza, questionar sobre o céu e as nuvens, e me encantar pelo mistério das estrelas.

Acredito que exista, para as gerações atuais, um contraste vivencial em um mundo tecnológico. originado do fato que nossa cultura que buscou combater e controlar a natureza, em um nível tão megalomaníaco, que ameaçou a sua própria existência no planeta.

A questão que gostaria de fazer, e a qual não vou responder, antes sim vou abrir o debate e trazer algumas idéias, é a seguinte: Seria possível conciliar tecnologia e ecologia?






Tenho me dedicado atualmente ao movimento pela constituição do parque da serra do Gandarela, que pretende preservar uma das ultimas áreas de canga existentes no quadrilátero ferrífero em Minas Gerais, e portanto, no mundo. Este tipo de formação geológica, que possui uma constituição biológica particular, foi grandemente explorada e destruída, por conter uma grande quantidade de minério de ferro. Grande parte dessa dedicação tem sido feita a partir das redes sociais.

Essa ambivalência entre a utilização da tecnologia moderna e a luta pela preservação dos recursos naturais faz parte da vida de quase todos os ecologistas e ambientalistas de hoje, assim como de todas as pessoas com um mínimo de sensibilidade que percebem a perda existente na destruição de nossos ambientes matriciais.

De fato nascemos em um mundo tecnológico, faz parte do nosso contexto desde a infância. Já tivemos, ao menos uma vês, verdadeira admiração pela obras da engenharia, pelas grandes construções da modernidade. Foi só mais tarde que fomos compreender as conseqüências do uso indiscriminado de recursos, para o meio natural, e isso pode ser um tanto angustiante. O que não tirou nossa admiração, porém nos fez pensar que precisamos ser responsáveis ao utilizar os recursos de modo a preservar a natureza no planeta.

Acredito que a existência de um equilíbrio entre preservação e exploração seja a esperança de tantos que estão verdadeiramente engajados na defesa do conhecido “meio ambiente”, para não se sentirem impelidos a rejeitar a tecnologia nem a muito do que chamamos de civilização moderna. Gostaríamos de ter a natureza preservada e ainda desfrutar da gama de recursos que favorecem nossa vida e nosso trabalho.

Na verdade considerar a tecnologia como algo ruim seria ingênuo, lembro de uma citação de Wilhian Blake, “ onde o homem não está a natureza é estéril” tenho percebido isso de certa forma , toda a tecnologia foi desenvolvida para o favorecimento do homem, costumamos nos esquecer que a ecologia é uma tecnologia, assim como a permacutura , esta ultima nos ajuda a relacionar com a terra criando uma produção justa, favorável a aspectos globais de desenvolvimento, busca a sustentabilidade ao mesmo tempo em que produz alimentos mais saudáveis com menos ou nenhum agrotóxico. São tecnologias do conhecimento, seus meios técnicos e objetos de estudo são a própria natureza e suas relações.

Muitas coisas me fazem acreditar na possibilidade de um mundo ecologicamente equilibrado em que a modernidade e os meios naturais possuam uma relação saudável. Uma delas é que mesmo com a banalização do uso de recursos que vemos hoje, causadas por um consumismo que me parece incoerente e insensato, ainda foi possível manter um nível de conservação. Tantos mecanismos maravilhosos, como os computadores modernos, são utilizados sem qualquer responsabilidade, sendo oferecidos até mesmo para crianças, que mau vão saber como utilizá-los , uma vez que o mercado visa o lucro e não a utilidade de tais tecnologias para o beneficio da humanidade, e pouco se importa com o malefício que essa atitude possa causar.






De minha parte busco ter a maior gratidão por todos os privilégios que as tecnologias modernas tem proporcionado, ando a pé e de bicicleta muitas vezes, outras opto pelo transporte coletivo, tenho minhas tarefas perto de onde moro e posso ir andando para praticamente todos os lugares que freqüento, não gosto de trocar de celular por simples status. Isso não é muita coisa, e acredito que devemos começar pelo possível, fazer o que pudermos, e, antes de tudo, não nos esquecermos que nossos celulares, carros, computadores alimentos, vêem da terra, e muitas vezes tem causado danos, o que pode ser irreversível, em algum momento.

Não consegui ser indiferente conseqüências do uso que faço destes mecanismos, é isso que chamamos de responsabilidade universal, algo que não é prescrito pela legislação mas que nós sabemos que é certo. Se pudéssemos abraçar essa responsabilidade de forma global, parando de fechar os olhos diante do que nos incomoda, poderíamos construir um futuro melhor. Estamos em um mundo carente de modelos, carente de utopias, a visão dominante é fatalista, precisamos de uma dose de otimismo se quisermos visualizar hoje um mundo acontecendo de forma mais favorável a vida humana. Precisamos nos por na questão sobre o nosso futuro, e lembrar que, através de nossas atitudes e crenças, fazemos este mundo.



Assista ao video: A história das coisas.





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